segunda-feira, 5 de abril de 2010

Do cansaço que me move

Cansei!

Cansei de fugir, cansei de desviar o olhar procurando ilusórias claridades na meia luz dos bares. De mergulhar no transitório mais efêmero que pode haver: o gozo pelo gozo.
Não mais viro meu rosto, por mais aterrador que isto às vezes se torne. Olho diretamente, encaro, frente à frente, peito, ataco!

Diante,  escuridão. 

Ali estão eles, muitos, tantos, infinitos. Um maior que o outro, assim se afiguram: unidos, sórdidos, cruéis, maquiavélicos, implacáveis...
Confabulam novas tramas, arquitetam novos calabouços, preparam novos embustes e jogam o laço.

Terror!

Se apodera de mim, mas como se houvesse um segundo corpo...
Reconheço meus limites, minhas fraquezas, companheiras antigas que abraçam-me um abraço de afogados.O ar me falta, a força me falta, falta-me muito ainda.

Adiante, o paradoxo!

Paralisado, ainda avanço em direção à corja!

Não havendo nada, pode-se tudo. Sentindo todo o vazio que o terror e a vida me causam, encontro a força dentro do mais puro nihilismo...toda a força que há no mundo!
Este outro corpo, um não-corpo, uma negação de tudo olha a frente e obriga-me ao combate. Assisto-me agir, ajo, reajo.
E contra toda a probabilidade, sobrevivo a cada novo oponente, desejando cada vez mais, num ato de escolha ontológica.


Nenhum comentário:

Postar um comentário