terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Balanço1

Hoje, dia 28 de dezembro de 2010, eu posso dizer que as principais metas para este ano foram alcançadas! As resoluções de ano novo foram cumpridas nos pontos mais essenciais e as perspectivas para o próximo ano estão altas!

Uhul!

sábado, 4 de dezembro de 2010

É assim que tudo acaba?

E depois de tudo, de tantos sentimentos contraditórios e angustias, acabou-se sem mais...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Do leite derramado

É conhecido o ditado que diz não se dever chorar sobre o leite derramado, e, às vezes, como se sucedem com os ditados, isto parece produzir uma verdade evidente na hora de sua evocação. Desta forma, o ato de reclamar  por algo que já passou se torna sempre um  absurdo e aparentemente desprovido de função positiva.

Mas o fato de se reclamar sobre algo que já não se tem mais poder de mudar, pode ter sim uma motivação construtiva para o sujeito, na medida em que o sofrimento gerado não o permita criar aberturas para que tal se repita, pelo contrário, quem se resigna demais com os problemas pode não tentar impedi-los de se passarem novamente.

A reclamação ou o incomodo pelo leite derramado, pode ser o mecanismo do sujeito para mudar o futuro

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Do dizer e do não dizer

Alguns momentos da vida são tão ricos de sentimentos e significados que fica difícil colocá-los num texto, primeiro porque tudo parece a princípio, confuso, mesmo que isso seja apenas uma limitação da razão; segundo porque tentar separá-los é um ultraje à comunhão interior em que eles se encontram e terceiro porque pode, em um bom momento, se assemelhar a matar algo só para saber o que tem dentro.

Tentar falar ou escrever qualquer coisa significa, antes de mais nada, fazer uma mediação, uma conversão, trocar a essência de algo por outra coisa. As palavras, o discurso precisam seguir uma linearidade, uma ordem que se assemelha a uma fila, palavra atrás de palavra. Isto é uma transformação tão radical do emaranhados de sentimentos que seu resultado pode se tornar, às vezes, apenas uma farsa. Os sentimento possuem outra forma, não-linear, se penetram, coexistem com opostos, sintetizam-se, harmonizam-se, escapam à organização e ao princípio de identidade tão fundamental para qualquer discurso.

Além disso, unidos se alimentam um dos outros como em um ecossistema complexo, todos concorrendo para potencializar a existência do conjunto, de uma tal forma, que já não se sabe o que é um e o que é outro, transformando-se em algo único, uma outra hipótese gaia. E sendo esta união que dá sentido ao momento, tentar destrinchá-las seria como dissecar um animal de estimação só para saber porque ele nos alegra.

Por isso não vou falar nada de hoje, porque são tantas coisas em conjunto, brincando em volta de mim, pulando no meu colo e fazendo festinha que irei apenas curtir o instante.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Pelos olhos de um outro

De tempos em tempos cai em minha mão algum livro que consegue transcender a simples fruição. Me dedico a ele, como quem busca desvendar uma língua, que já não sabem mais como lê-la, na crença firme de que lá se encontra a chave de um grande enigma; como se fosse aceito por um velho mestre oriental de centenas de anos, cujas palavras sempre estivessem carregadas da mais sublime sabedoria; ou como quem se depara consigo mesmo e sorri

Leio, paro, medito, releio, me encontro.

O texto deixa de ser algo externo e começa a fazer parte de mim, constrói uma visão da realidade, o chão em que começo a edificar minha morada, o espelho em que me vejo, um amigo com quem se dialoga constantemente, sem saber onde começa um e termina o outro.

Hoje comecei a ler "As cidades invisíveis" e me senti obrigado a fazer isso compulsivamente, como se tivesse andado muito tempo no deserto e encontrasse finalmente um oásis com água abudante para matar minha sede, li para ver a próxima frase e ter a certeza de que realmente havia encontrado algo que desejava, surpreendendo-me a cada novo capítulo, ao mesmo tempo querendo retornar todas as frases lidas para guardá-las melhor, pensá-las, desdobrá-las, ficar encaixando-as  em centenas de possibilidades criativas.

Cidades maravilhosas construídas nos homens e que nos rodeiam, sem jamais poderem existir, em um relato fantástico de viagem, pois  "o viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá"

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Vida

Indo, no carro de um grupo de amigos, a um casamento no interior, alguém começou a falar sobre pessoas jovens que ganham bem e, um pouco para minha surpresa, o "senso comum" interveio com frases batidas: "ah, mas devem trabalhar muito!" e na sequência, "isto não é vida".

Todo mundo já presenciou como ouvinte ou articulou as mesmas frases ou idéias, incluindo a mim mesmo, mas desta vez fiquei intrigado com o sentido de vida. O que significa "vida" para as pessoas, porque certo tipo de vida é mais vida que outro, como nós, existencialmente situados, chegamos a tal ou qual concepção de vida? Por que a vida em seu momento de diversão é mais "vida" para alguns, saúde para outros, etc? 

Se me questionei sobre isso é porque minha concepção atual de vida se distanciou muito daquela mais epicurista que anda tão em voga...mas qual é minha "vida"?



segunda-feira, 5 de abril de 2010

Do cansaço que me move

Cansei!

Cansei de fugir, cansei de desviar o olhar procurando ilusórias claridades na meia luz dos bares. De mergulhar no transitório mais efêmero que pode haver: o gozo pelo gozo.
Não mais viro meu rosto, por mais aterrador que isto às vezes se torne. Olho diretamente, encaro, frente à frente, peito, ataco!

Diante,  escuridão. 

Ali estão eles, muitos, tantos, infinitos. Um maior que o outro, assim se afiguram: unidos, sórdidos, cruéis, maquiavélicos, implacáveis...
Confabulam novas tramas, arquitetam novos calabouços, preparam novos embustes e jogam o laço.

Terror!

Se apodera de mim, mas como se houvesse um segundo corpo...
Reconheço meus limites, minhas fraquezas, companheiras antigas que abraçam-me um abraço de afogados.O ar me falta, a força me falta, falta-me muito ainda.

Adiante, o paradoxo!

Paralisado, ainda avanço em direção à corja!

Não havendo nada, pode-se tudo. Sentindo todo o vazio que o terror e a vida me causam, encontro a força dentro do mais puro nihilismo...toda a força que há no mundo!
Este outro corpo, um não-corpo, uma negação de tudo olha a frente e obriga-me ao combate. Assisto-me agir, ajo, reajo.
E contra toda a probabilidade, sobrevivo a cada novo oponente, desejando cada vez mais, num ato de escolha ontológica.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um Conto de Hamburgo

Há muito, muito tempo atrás, numa terra distante, viveu um jovem, que gostava de vagar pelo porto da cidade, que possuia mais de 700 anos de história. As vezes ele ia num bar utilizado por antigos piratas, e agora  tinha todas as cadeiras e mesas presas ao chão por enormes ferrolhos para impedir que se tornassem objetos voadores em meio a uma briga, o que deve ter entristecido muitos marinheiros bêbados. Neste antigo porto havia um velho navio veleiro usado no século XIX pelo governo alemão, transformado em escola de práticas navais para aspirantes a oficiais no final do século XX e que agora está aberto ao público para conhecer como eram os minúsculos espaços internos dos velhos navios, assim como outras curiosidades.

Havia nesta cidade muitos canais, talvez mais que em Veneza, ou logo atrás dela, não lembrava ao certo o rapaz. Em algumas ocasiões estes canais serviam de palco para peças de teatro flutuante, que davam a conhecer ao público tanto uma obra de Thomas Mann, como os segredos das vielas submersas. Sentado dentro de um barco ele pode, ao mesmo tempo, ter estas duas alegrias.

O rapaz muitas vezes ia aos restaurantes portuários comer uma iguaria local, o Labskaus, que era o prato dos antigos piratas e marinheiros e sua receita era basicamente de sobras, coisas que não estragavam depois de algumas semanas a bordo. Sua aparência de papa avermelhada, por conta das beterrabas, e um ovo estalado por cima não era muito convidativa, contudo o sabor era fantástico!




Mas a cidade também tinha parques incríveis e um jardim botânico muito antigo, que possuía uma estufa enorme com plantas tropicais raras, e, até mesmo no inverno mais gélido, era possível entrar lá e sentir todo o abafado de uma floresta tropical.

Por conta da antiguidade de suas construções o modernismo arquitetônico não tinha feito dela uma vítima da simplicidade das formas, podia-se ver muitas estátuas e adereços nas paredes dos prédios, conhecidas pelo estilo como Jungendstill - um tipo de barroco alemão - , muitos detalhes rebuscados de uma época onde se faziam as construções para deleite do corpo e da alma.

Neste lugar ainda era possível sentir a força do passado, e a importância das velhas instituições, pois sobressaiam, acima de todos os prédios, as antigas torres de igreja e, diferente de lugares como Nova York, o melhor ponto para se observar a cidade era no alto destes campanários e não de outras construções.

Em um de seus passeios pela cidade, andando de trem, o rapaz viu pela janela a enorme estátua do Otto von Bismarck - primeiro-ministro prussiano que uniu a Alemanha em 1871 -, ele já havia visto outras vezes ao longe, de passagem, mas desta vez resolveu vê-la de perto; parou na estação mais próxima e foi caminhando até lá; parecia inicialmente que não era distante de onde estava, mas se perdeu em meio a um bosque, que ele não percebera antes, quase como se  tivesse aparecido por mágica, e assim ele se encontrou andando num lugar que não tinha uma viva alma, num silêncio pesado.

Continuando sua busca, pela estátua ou pela saída, já não sabia mais qual, o rapaz começou a ouvir sons de pessoas alegres e música! Uma música que soava suave, mas cheia de vida. Começou a seguir o som e os burburinhos na esperança de chegar a algum lugar menos ermo, mas parecia ser levado para mais dentro do bosque. Imaginou-se num velho conto dos irmãos Grimm que devem ter andando por aquela região um dia.

Pessoas começaram a surgir da mata, umas poucas, mas o som parecia muito alto, e, depois de passar por mais um grupo de árvores do velho continente, deparou-se com uma grande festa no meio do bosque, em um descampado; um palco onde uma banda fazia sons 'new age' e muitas pessoas pela grama curtindo suas viagens, dançando, conversando, bebendo; e esquececido de sua busca pela estátua ou pela saída, ele também esqueceu-se de si ali...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Um domingo desses ai...

...andando pela cidade, sem chuva e nem pressa, a gente aprende a olhar as coisas de um outro jeito, a ver algo de belo na sujeira, no desmonte das barracas de um feira, na pichação meio escondida em um prédio abandonado, no olhar lançado para fora de um ônibus cheio de pressa em via vazia, até mesmo na visão achatada do transeunte que anda pela cidade e de tanto buscar só seu ponto de chegada, termina vendo o mundo todo fragmentado...



...às vezes se dando ao luxo de olhar para cima em busca de algum sinal de chuva e sem querer percebe a monumentalidade dos prédios ao seu redor, entrevê por instantes um sinal de que aquilo não é tão trivial, talvez...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Arrumando o armário

Como já me disseram, não tenho um quarto, tenho um home office, e nele, como um escritório que se preze, há um grande armário de estrutura metálica, portas duplas de madeira e, é claro, chave. Dentro dele guardo documentos, papéis da faculdade e toda sorte de coisas que não sei onde poria ou que não devo pôr em locais de fácil acesso.

Ele tinha uma organização muito boa há cinco anos atrás quando fiz a última arrumação, fato ocorrido após a minha saída total e definitiva do grupo. A reestruturação da vida naturalmente impelia para avaliar o que eu tinha guardado lá e mudar tudo de lugar a partir de novos valores pessoais.

Meu armário não estava precisando de uma grande arrumação, estava ainda bem organizado visualmente, ou o bastante para apenas necessitar de uma mexida de leve. Mas preferi começar uma espécie de "juízo final" olhando tudo que tinha lá, lembrando, avaliando, julgando. Vi que os materiais com mais de 5 anos estavam mais densos, mais pesquisados. O que é natural em razão da intensa vida intelectual que eu levava naquele período. A substituição disso por uma vida mais "normal" não poderia deixar de causar também uma maior simplicidade e, sim, superficialidade.

Cada papel que eu encontrava lá era um pequeno fragmento meu; cada um produzia como que um pequeno conto e mesmo que cada conto tenha um início e um fim em si mesmo, eles tinham algo que os unia para formar minha história pessoal, com vitórias e tragédias. Parodiando os jargões dos historiadores: a história universal do meu armário. E como havia coisas de história nesse armário! Coisas que li, coisas que devia ter lido, coisas que estavam pela metade, pela terça parte, pelo começo...coisas que não deviam ter existido.

Agora, cinco anos após a última grande arrumação - não apenas no meu armário- e dez anos a após outra reestruturação, fico com a esperança de que terei outros cinco bem diferentes dos últimos...